FUTEBOL ENGAJADO E ANTICAPITALISTA

Conheça a história do St. Pauli, clube germânico que se posiciona contra o racismo, o fascismo, a homofobia e o machismo em seu estatuto. E, com isso, conta com uma legião de fãs que ultrapassa os limites da Alemanha.
Por Rafael Nardini
O St. Pauli é um time diferente. A equipe alemã da cidade de Hamburgo se declara anticapitalista e antifascista. Encampando bandeiras de movimentos sociais e das liberdades individuais, a equipe expandiu sua fama a partir dos anos de 1980. Desde então, se declara contra o racismo, o fascismo, a homofobia e o machismo em seu estatuto.
Na década de 80, auge das brigas entre torcedores hooligans e dos problemas políticos ocasionados, principalmente, por neonazistas e demais perseguidores das minorias, os torcedores do St. Pauli se uniram num movimento antifascista, houve inclusive o uso da violência. Parte de torcida, que era adepta do fascismo, acabou sendo expulsa na marra, e isto trouxe “novos ares” para o clube, atraindo novos e antigos torcedores para as dependências do estádio Millerntor.
A mitologia foi ganhando mais musculatura com a chegada de movimentos sociais e grupos políticos ligados aos comunistas, anarquistas e a de artistas locais que passaram a torcer pelo time.
Varias pessoas passaram a sair das docas e levar bandeiras com uma caveira e ossos cruzados com as cores do clube. Era uma piada, mas isso se espalhou, se tornando um símbolo de luta entre os pobres (St. Pauli) e os ricos como o Bayern Munich. A luta dos piratas se tornou o símbolo oficial do clube.
A fama dos piratas se espalhou mundo afora, ao todo, são mais de 500 fãs-clubes do St. Pauli espalhados pelo mundo. E apesar de não haver nenhum fã-clube no Brasil, existe um blog oficial (fcstpaulibrasil.blogspot.com) mantido pela designer Luciana Leal, e totalmente escrito em português.
Para os torcedores do time germânico, há valores mais importantes que o futebol e os resultados alcançados em campo. O clube estima ter 11 milhões de sócios na Alemanha e chegou a manter uma média de 15 mil torcedores por jogo enquanto estava na terceira divisão, campeonato com média geral de 200 espectadores. Uma prova e tanto de fidelidade.
O time exerce uma paixão instantânea em quem o conhece. O clube possui a maior torcida feminina de toda a Alemanha, pois foi o primeiro clube a não se preocupar apenas com relatórios de jogos e brigas com torcedores adversários, mas sim, em ter uma agenda política. Isso trouxe um monte de intelectuais e mulheres para o clube. Além disso, o distrito de St. Pauli recebe desde sempre muitos imigrantes que trabalham nas docas do porto local, criando uma aura multicultural na região.
Mais recentemente, o time voltou a ser destaque na imprensa internacional por duas inovações. A primeira foi por relacionar o seu assessor de imprensa como jogador do time para uma partida válida pela primeira divisão da Bundesliga. Em 2011, foi a vez de inovar na apresentação e divulgação do uniforme da equipe, nas imagens apenas os próprios torcedores do time esquerdista: punks, mulheres, jovens tatuados, crianças, homens bastante acima do peso e até cachorros.
Mas nem todos se mostram satisfeitos com esta gestão do clube, desde o ano passado um grupo de torcedores autointitulados “Românticos Sociais” critica a recente instalação de outros 200 lugares na área VIP do estádio. Os torcedores românticos vão aos jogos com bandeiras vermelhas grafadas com os dizeres “Tragam de volta o St. Pauli” outra insatisfação recente do grupo era em relação aos shows de striptease que ocorriam dentro do estádio. Durante as comemorações dos gols da equipe, strippers tiravam peças de roupa. A diretoria acabou cedendo, e não há mais espetáculos eróticos no Millerton... pelo menos não dentro das dependências do estádio.

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