GECUPOM - Grupo de Estudos em Cultura Popular e de Movimento
Acadêmico: Eduardo Bernardes Geremias
Data: 28/03/2012
Resumo do 3º capítulo do livro Negro, Macumba e Futebol
Em 1954, 1955 e 1956 foi publicado em uma revista anual do instituto teuto-brasileiro Hans Staden textos com o título Das Fussballspien in Brasilien. Seu autor, um alemão que fugiu do regime nazista da Alemanha e encontrou refúgio no Brasil, se apaixonou pelo futebol brasileiro e aprofundou, pelo estudo do esporte, a visão sobre a cultura do país. Os textos do anuário são ensaios sobre o futebol brasileiro e sua influência na organização social do Brasil.
Anatol Rosenfeld, o autor, além de escritor trabalhou em cargos administrativos da imprensa paulista, e a editora que ajudou a construir reuniu em um livro, publicado em 1993, os textos já citados. Negro, Macumba e Futebol é uma tradução dos textos escritos entre 1954 e 1956 desse alemão que fugiu de seu país e encontrou no Brasil um novo lar e que ao analisar o futebol brasileiro nos trouxe elementos pra ver de forma mais rica a organização do esporte e a constituição social do país.
O texto escolhido para estudarmos no GECUPOM trata do terceiro capítulo do livro. E começa com o autor fazendo um relato da história escrita do futebol e do futebol brasileiro como esporte. Mostra a organização dos clubes e seu papel de manter determinadas culturas.
E a distinção entre os clubes e as culturas que alimentam. Anatol faz referência exclusivamente à Rio de Janeiro e São Paulo, por entendê-los como os principais pólos do futebol no Brasil. Enquanto apresenta dados sobre o histórico dos clubes e times de futebol, sobre seu surgimento e posterior desenvolvimento, o foco passa pela análise da organização social. A organização dos primeiros clubes e o esporte praticado apenas por jovens ricos foi em seguida aprendido e reinventado pelas classes sociais mais baixas.
O crescimento econômico dos clubes por causa do futebol fez com que os times necessitassem de vitórias para manter seu prestígio. E foi aí que a classe empobrecida, em sua maioria de negros e mulatos, foi introduzida nos clubes. Os melhores jogadores, os que decidiam as partidas, eram quase sempre de classes baixas, e negros. Apesar de garantirem a fortuna dos clubes ganhavam pouquíssimo do lucro. O futebol, amador até então, foi gradualmente sendo entendido como um negócio, até que em 1933 se tornou uma profissão.
Os jogadores agora recebiam um salário para trabalhar e não eram mais integrantes do clube, mas sim funcionários. E é dentro desse contexto que o autor expõe ao leitor a grande influência que os clubes de futebol tiveram na organização social do Brasil, primeiro fazendo com que as classes altas se rendessem ao talento das classes baixas e depois achando uma solução para a momentânea ascensão dos pobres, transformando-os em subordinados dos clubes.
Além de grande eloqüência nos assuntos já citados, Anatol Rosenfeld ainda traz reflexões sobre o torcedor e as torcidas, sobre o papel do ídolo no esporte, sobre a visão religiosa e mística do jogo de futebol e sobre a influência dos jogos na população. Em um ensaio tão curto o autor aborda assuntos de grande complexidade. Escrito a mais de 50 anos o texto continua sendo uma crítica atual a organização do futebol e da sociedade brasileira.
Leitura rica a quem deseja ver melhor a história e a atual situação do esporte e da organização social do Brasil.
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