Pensando os Mega Eventos esportivos na escola



Um Olhar Crítico Sobre os Mega Eventos Esportivos e de Seus Legados na Perspectiva Nacional Popular

O tema dos grandes eventos esportivos tem orientado nos últimos anos as políticas públicas de esporte e lazer de muitos países da América Latina, em especial as do Brasil em âmbitos federal, estadual, e até mesmo municipal, não sendo tratado pelos professores das escolas a partir da ótica de um aprofundamento e desvelamento das reais consequências e alcances do reordenamento das políticas públicas de esporte e lazer quando orientada nos ideários dos grandes eventos esportivos.
São gigantescas as cifras públicas a serem investidas direta e indiretamente na construção de equipamentos, formação e profissionalização de novos agentes para trabalharem com o esporte, o  lazer e a educação esportiva direcionadas a eventos desse porte, em especial o futebol.
O futebol, principal esporte nacional brasileiro, e o único verdadeiramente massificado na condição de prática de lazer popular, se encontra em pleno processo de muitas mudanças culturais e administrativo-gerenciais diante do cenário que se avizinha pela realização da Copa de 2014 no Brasil.
Algumas das mudanças pelas quais vêm passando o futebol são apenas de ordens conjunturais. As grandes mudanças, entretanto, são de ordem estrutural e orientadas por interesses econômicos, mudanças estas que transformarão definitivamente a forma cultural nacional de como o futebol vinha sendo  “consumido” e praticado entre a população brasileira.
As mudanças em curso não impactarão somente no “mundo da vida” do futebol, mas também no de outros esportes hoje praticados no País, visto que o Brasil também sediará, em 2016, as Olimpíadas Mundiais. Portanto, estará sediando, em um período muito curto de tempo, dois dos mais importantes eventos esportivos do mundo, promovidos respectivamente pela FIFA e pelo COI, as duas maiores agências de consorciamento de empresas  esportivas capitalistas transnacionais.
            Os “legados” de cunho popular advindos da realização destes dois eventos esportivos no Brasil só serão efetivados pela mobilização e resistência, por meio de esclarecimentos científicos promovidos pelas agências educacionais, entre elas as escolas, as universidades, os movimentos sociais. Somente assim será possível exercer-se o desejável controle  social sobre as ações desencadeadas para a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil.
Sabe-se também que muitos dos legados prevalecentes o são em decorrência apenas de interesses daqueles que se consideram os “donos do mundo” e seus aliados, ou seja, empresários, a grande mídia, alguns dirigentes públicos, as tradicionais elites científicas a serviço da colonização nacional, os “cartolas” do futebol e do esporte nacional e, que se ocuparão de divulgar como sendo algo de grande vulto para a população nacional as pequenas realizações e investimentos advindos das “migalhas” que caem dos luxuosos e antipopulares investimentos e projetos realizados para viabilizar os já citados.
         Estima-se que aproximadamente 4,5 bilhões de pessoas em todo o mundo, de alguma forma e pelos mais diversos interesses, estarão mobilizadas e sendo influenciadas pelas mensagens e acontecimentos referenciando-se à realização da Copa do Mundo de 2014 em território brasileiro e latino- americano e 3,5 milhões, às Olimpíadas.
          Por todo o exposto, é muito importante o estudo e o esclarecimento crítico dos impactos desses mega-eventos esportivos pelos agentes da escola, apontando perspectivas de resistência popular e cidadã quanto a suas mazelas.

Sobre o autor:

Paulo Ricardo do Canto Capela

Mestre em Educação pela UFSC, professor do CDS/DEF/UFSC – Centro de Desportos/Departamento de Educação Física/Universidade Federal de Santa Catarina; Presidente do IELA – Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC;Coordenador do Vitral Latino-Americano de Educação Física, Esporte e Saúde UFSC;Coordenador do GECUPOM/Futebol – Grupo de Estudos em Cultura Popular e de Movimento/Futebol; Assessor Parlamentar do deputado Alexandre Lindenmeyer (PT), autor do Projeto de Lei 52/2012PL denominado Jogo Aberto que se propõe a reestruturação dos clubes de futebol do interior do RS enquanto legado da Copa 2014 e Olimpíada 2016.

Um comentário:

  1. Sou professor de Educação Física temporário da rede municipal de palhoça e acadêmico do curso de Educação Física da UNIVALI, Biguaçu, e neste semestre irei fazer o meu estágio obrigatório em uma escola estadual de ensino médio abortando a temática dos megaeventos esportivos. Meu objetivo e verificar a percepção que os alunos têm acerca do tema bem como apontar a contribuição da Educação Física na formação dos alunos sobre megaeventos esportivos. Concluindo esta pesquisa, tentarei publicá-la. Acredito que devemos "instrumentalizar" os alunos acerca destes temas.

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