by Welton
Oda
Texto
publicado também pela Associação dos Docentes da UFAM (ADUA) e pelo jornalista
Carlos Branco (A Crítica)
Depois de mais de
setenta dias de greve e uma longa história pra contar, talvez seja necessário
usar uma comparação que explique, de modo simplificado, um enredo cheio de
termos técnicos (desestruturação da carreira, verticalização, malha salarial,
steps...) e siglas (MPOG, SINASEFE, CNG, EBTT, MS, IFE, PROIFES, PUCRCE...).
Optemos pois por caminho diverso, pegando um atalho e deixando pra trás as siglas e termos técnicos. Comparemos, pois, o processo de negociação entre os professores universitários em greve e o Governo Federal, a uma partida de futebol. Neste jogo, o Governo, além de ser um dos times, pretende ser o juiz e, com isso, formular as regras. Segundo as normas que propõe para o jogo, por exemplo, alguns jogadores do seu time podem atuar na partida vestidos com a camisa do time adversário. A duração da partida será variável e de acordo com a conveniência do juiz.
A partida se inicia e logo os jogadores do Governo vestidos com a camisa dos
professores universitários passam para o outro campo e começam uma tabelinha
com o time do Governo. Sem ameaçar a seleção dos professores, que apresenta um
sistema defensivo bem compacto, os governistas mal conseguem se aproximar do
campo adversário. Então tocam bola entre si e, após uma enfadonha troca de
passes entre eles mesmos, a equipe governista chuta para o próprio gol. O juiz,
que declaradamente é governista, ao invés de computar um gol contra a favor do
time dos professores, registra o gol favoravelmente ao time do Governo e aponta
o centro do campo, indicando o fim da partida.
Estas são as regras do jogo autoritário com o qual o Governo de Dilma Roussef
trata o serviço público brasileiro. A pauta de reivindicações, protocolada no
Ministério da Educação (MEC) e no Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG), em fevereiro deste ano, sequer recebeu, por parte do Governo,
qualquer atenção. Ao apresentar suas “contra-propostas”, a equipe técnica
responsável por sua formulação, demonstra desconhecer ou ignorar os anseios dos
professores universitários.
O papel social dos professores universitários não pode se limitar ao trabalho
em sala de aula. É preciso que o MEC reconheça os preceitos constitucionais da
Autonomia Universitária e do Direito de Greve, o que, no caso destes
profissionais, vai além do direito de reivindicar melhores condições de
trabalho. Cabe também ao professor universitário brasileiro o papel de refletir
criticamente sobre o modelo de educação superior pública oferecida pelo Estado
brasileiro.
Neste processo de reivindicação de melhorias nas condições de trabalho, o
Governo Federal tem negado ao professor do ensino superior a voz e o protagonismo
que lhe cabem. Com truculência, os Ministros Aloísio Mercadante e Miriam
Belchior recusam-se ao diálogo, preferindo utilizar as artimanhas do engodo e
do jogo de mídia.
E você? Torce pra que time? Para o time da Educação Pública e de qualidade -
como defendem os professores universitários - ou para o time da Universidade
Privatizada e sem qualidade, como propõe o Governo?
A escolha é sua! O tempo é agora!
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