Há quatro anos, Club Atlético, Social y Deportivo Ernesto Che Guevara propaga no esporte os ideais do líder revolucionário argentino-cubano
Por Marcos Felipe
Direto de Buenos Aires
Meninos do C.A.S.D. Ernesto Che Guevara durante
evento em Jesús María
Considerado uma das figuras mais importantes do século XX, o líder
revolucionário Ernesto “Che” Guevara continua propagando seu legado
décadas após sua morte. Com as ideias e ensinamentos socialistas do
médico, um grupo de pessoas na pequena cidade argentina de Jesús María, a
50km de Córdoba, província onde o guerrilheiro viveu dos dois aos 19
anos, fundou há quatro um time de futebol: o Club Atlético, Social y
Deportivo Ernesto Che Guevara.
- A ideia é integrar através do futebol crianças e jovens de todas as
classes sociais para ajudar na formação delas como pessoas, reforçando
valores pregados por Che como solidariedade e dignidade – contou Mónica
Nielsen, presidente do clube de Córdoba, uma das sedes da Copa América
2011 e que recebeu dois jogos da Seleção Brasileira (Paraguai, dia 9 de
julho, e Equador, dia 13).
Equipe sub-10 do do Club Atlético, Social y Deportivo Ernesto "Che" Guevara de Córdoba
Ao todo, mais de 100 crianças e adolescentes, em categorias que vão
desde o sub-10 até sub-16, defendem com orgulho a camisa do clube que,
obviamente, conta com a famosa fotografia de Che Guevara feita por
Alberto Korda na década de 60 e que se tornou um ícone pop.
- Era inevitável usar sua imagem, tanto no corpo do uniforme, quanto no
escudo. Também fizemos questão de colocar a célebre frase “Hasta la
victoria siempre!”. Mas também fizemos isso porque muita gente comprava
camisas com a imagem de Che apenas para consumo e nada mais. Nossa ideia
é que os pequenos usem a camisa e sigam as convicções de Che, sua luta,
de sua entrega por um mundo melhor e com justiça social para todos –
salientou Mónica, de 51 anos, que cuida de maneira voluntária a
administração do clube com ajuda de pais e parentes dos meninos do
elenco, em uma gestão semelhante a uma ONG sem fins lucrativos.
Sonho de jogar no Brasil
Filiado a Liga Regional de Colón, que está ligada a AFA (Associação de
Futebol Argentino), o Club Atlético, Social y Deportivo Ernesto Che
Guevara tenta conseguir uma sede própria. Por hora, as sete categorias
treinam em campos cedidos ou alugados na região.
Mónica Nielse, presidente do clube
Outro objetivo é levar o ideal da equipe para mais países e, quem sabe, um dia jogar no Brasil.
- Seria maravilhoso. Um sonho para os pequenos – exclamou Mónica,
revelando que existe a possibilidade de, em breve, realizar uma espécie
de Copa do Mundo Alternativa, com equipes cujos ideais sejam de inclusão
social e solidariedade.
Perguntada sobre quem seria o “Messi” do Club Atlético, Social y
Deportivo Ernesto Che Guevara, Mónica, que conta com o aval de parentes e
amigos próximos do revolucionário argentino-cubano, foi igualitária,
como sua inspiração.
- Temos mais de 100 meninos e todos são os melhores. O importante é que
estamos orgulhosos com o que estamos fazendo e, se Che estivesse vivo,
estaria aqui conosco, nos ajudando.
Cutucada em Maradona
Mónica só mostrou um pouco de frustração com a falta de apoio de
pessoas famosas do futebol, lembrando que muitas delas, argentinas ou
não, possuem tatuagens alusivas a Che Guevara.
- Queria que eles, que possuem uma tattoo de Che, viessem aqui,
observassem nosso trabalho e nos dessem uma mão. Seria muito importante
para as crianças – disse Mónica, citando, indiretamente, o ídolo dos
hermanos, Diego Armando Maradona, que tem na pele a imagem imortalizada
por Korda.
Um dos vários meninos do Club Atlético, Social y Deportivo Ernesto "Che" Guevara de Córdoba
Fonte: globoesporte.com
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