Estamos em fase de coleta de dados para subsidiar um dos membros
do GECUPOM/FUTEBOL, cujo o seu TCC irá abordar entre tantas relações, o
futebol amador que é jogado hoje na nossa cidade, sendo uma das perguntas
norteadoras : É paixão ou negócio? Além é claro de pesquisas individuais do
tema, entre eles a minha (Guilherme) onde tentarei mostrar aos leitores as
relações existentes entre a comunidade e o clube amador nela inserido.
Então, buscamos nos 27 clubes amadores que disputam o campeonato
da Liga Florianopolitana de Futebol, nas suas três divisões, uma série de dados
e reflexões em entrevistas realizadas com presidentes, diretores, sócios ou
meros torcedores e conhecedores do clube de suas comunidades.
Tive o privilégio de poder realizar a minha coleta de dados em clubes
tradicionais da cidade e que dois deles pertencem ao meu bairro, são eles:
Associação Recreativa Cultural e Esportiva Bangu, Associação Canto do Rio
Futebol Clube e Bandeirante Recreativo Futebol Clube, do qual neste último
tenho a oportunidade de conviver desde o meu nascimento até os dias de hoje,
tornando além de um torcedor, um apaixonado pelo clube.
Consegui entrevistar, um fundador, diretor e colaborador dos clubes,
onde tivemos um longo bate-papo sobre a história dos mesmos além é claro
de toda a relação do clube com o futebol. Muitas idéias foram apresentadas
pelos entrevistados, apesar das diferentes histórias e contribuições , todos
levantaram a idéia de que antigamente os jogadores destes clubes pertenciam
quase que em sua totalidade a moradores próximos ao clube, onde os jogos
era uma verdadeira festa na comunidade. Todos os moradores conheciam
os “atletas dos clubes” além de suas famílias e local em que moravam.
Para tristeza de todos, quando perguntado “o que você acha que vem
mudando a forma de existir o futebol amador na sua comunidade” praticamente
todos responderam da mesma maneira, onde segundo um dos entrevistados
“ o futebol amador de hoje está muito mudado , os jogadores não têm vínculo
algum com o clube e com o bairro, onde os atletas só querem saber apenas
deles mesmos, se preocupando apenas com o dinheiro que irão receber
após o jogo... Hoje o campeonato amador da cidade é totalmente sem graça
não motiva a comunidade. E também é uma pena que os jovens de hoje não
tem interesse em ajudar a administrar o clube, pois o mesmo é uma tarefa
voluntária”.
Essa questão do pagamento do jogador após as partidas, foram
bastante citados pelos entrevistados, onde com toda a falta de conhecimento
de alguns deles em diversas temáticas, foram enfáticos ao falar que o futebol
deixa de ser amador a partir do momento em que os jogadores recebem
para jogar no clube. Fiquei muito feliz com essa colocação, pois sem ao
menos eu levantar esta questão, nossos colaboradores logo colocaram com
muita convicção esta idéia, onde todos fizeram questão de afirmar que todos
estes recursos deveriam ser utilizados em projetos sociais realizados pelos
clubes, como por exemplo, as escolinhas de futebol onde serão formados os
futuros “jogadores” dos clubes e cidadãos, os grupos de idosos, cursos além
das estruturas dos clubes.
Penso que tivemos durante esta atividade verdadeiras lições
de história, cultura e paixões. Também percebemos certo tom de tristeza
presentes em falas que relatam os tempos que dificilmente voltarão do futebol
amador da cidade, principalmente de toda a sua descaracterização, como
resultado dos pagamentos de jogadores que não fazem questão alguma de
conhecer o bairro que o clube está inserido, além de toda a sua cultura e
história, tirando assim todo o brilho do esporte. O que os deixa felizes é, saber
que muitas crianças participam das escolinhas oferecidas gratuitamente pelos
clubes ( sendo que um deles possui 300 crianças em sua escolinha), além
dos times de veteranos e projetos realizados em suas estruturas. É uma pena
que nossos governantes e empresários não olham para os clubes amadores
da nossa cidade que desempenham algum tipo de papel social para nossas
crianças, jovens, adultos e idosos, investindo assim na formação de um ser
humano.
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