Dilma recebe Bom Senso F.C. e diz estar estarrecida com atraso de salários


26.05.2014 - 16h38 | Atualizado em 28.05.2014 - 14h40Paulo Victor Chagas - Agência Brasil

A presidenta Dilma Rousseff recebeu jogadores do movimento Bom Senso F.C., que apresentaram as principais reivindicações do grupo (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)


Após se encontrar com representantes do movimento Bom Senso F.C., a presidenta Dilma Rousseff disse estar estarrecida com a situação dos jogadores de futebol que ficam sem receber salários por vários meses de seus clubes, segundo relato dos atletas presentes. Dez jogadores de grandes e pequenos times, alguns com passagem pela Seleção Brasileira, estiveram hoje (26) no Palácio do Planalto para apresentar as principais reivindicações do grupo, cuja petição já tem a assinatura de mais de 1,2 mil atletas.

“Ela está estarrecida com a falta de compromisso dos clubes brasileiros em relação a salários. A presidente não imaginava que existisse no Brasil, o país do futebol, tantos clubes com salários atrasados”, afirmou Ruy Bueno Neto, o Ruy Cabeção, atualmente sem time, que jogou dez anos na série A antes de se “deparar com a realidade do futebol brasileiro” [fora da elite], na qual, dos últimos nove meses trabalhados, recebeu por apenas três.
Segundo Alex, meio-campo do Coritiba e que já atuou pela seleção, Dilma teve essa reação pois não conhecia, até o momento, a situação. “Ela se mostrou estarrecida com o que ouviu, porque de repente não tinha esse conhecimento, principalmente com a Justiça do Trabalho, onde muitas vezes os jogadores recorrem e demoram muito tempo para ter os valores a que têm direito recebidos”, disse.
Os atletas concentraram suas demandas no compromisso para que seja aprovada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) do Esporte e para que se amplie a participação dos atletas nas decisões dos clubes. Segundo o secretário nacional do Futebol do Ministério do Esporte, Antônio do Nascimento Filho, um grupo de trabalho deve ser criado, com a participação do ministério, para que sejam propostas medidas sobre essas e outras questões “o mais rápido possível”. Segundo os atletas, esse grupo também pretende criar o Plano Nacional de Desenvolvimento do Futebol.
Sobre a LRF, o objetivo, segundo Nascimento Filho, é fortalecer o pagamento de salários na elaboração da lei. “Tentar direcionar o pagamento dos clubes, já que devem ao governo, para que o pagamento de salários atrasados tenham uma certa prioridade”, disse o secretário. Além de comemorar o encontro com a presidenta e demonstrar otimismo com as discussões, os atletas disseram que podem voltar a promover atos como os que organizaram durante o Campeonato Brasileiro de 2013.
“O pensamento nosso sempre foi de diálogo. Se não ocorrer nenhuma mudança no cenário nacional especificamente para esses atletas de menor porte, com certeza vamos fazer alguma coisa de importante, mas isso só depois da Copa”, afirmou Dida, goleiro do Internacional e campeão mundial em 2002.
A respeito da Copa do Mundo, os jogadores afirmaram que o único ponto discutido no encontro com Dilma foi a violência entre as torcidas, que, segundo Alex, poderia ser facilitada por causa do formato e da estrutura de alguns dos estádios construídos para a Copa. “Ela realmente se mostra preocupada com a situação, para que a gente evite isso, diminua [a violência]. Principalmente para que cenas como aquela que a gente viu possam não se repetir”, disse, em referência à morte de um torcedor após ser atingido por um vaso sanitário durante jogo entre o Paraná e o Santa Cruz, pela série B do Brasileirão, no início deste mês.
Editora: Luana Lourenço

Formação Profissional em Educação Física: bacharelado x licenciatura

No dia 5 de Abril, nós do GECUPOM Futebol Vitral em parceria com o Núcleo de Estudos Pedagógicos em Educação Física - NEPEF, com a Direção do Centro de Desportos - CDS/UFSC, com a Coordenação de Curso de Bacharelado e Licenciatura - CDS/UFSC, com a Direção do Departamento de Educação Física - CDS/UFSC e também com o Centro Acadêmico de Educação Física/UFSC,  organizamos uma palestra/debate sobre a Formação do Profissional da Educação Física.

Abordamos temas que abrangessem as divergências que ocorrem com a divisão de nosso curso. A palestra  foi  ministrada  pelos seguintes  professores: Manoel Martins  da Cruz, Felipe Pessoa, Mariano Melgarejo e Giovani de Lorenzi Pires. Nós do GECUPOM fomos coordenadores deste evento.

Foi algo bem  interessante e esclarecedor para os  acadêmicos e demais participantes. Conseguimos lotar o auditório do CDS/UFSC,  marcando assim um famoso "gol de placa".

Abaixo fotos do evento.
Painel do Evento

Auditório Lotado


Palestrantes: Manoel, Marino, Felipe, Giovani

Representes do CDS/UFSC

Visão de jogo

Juca Kfouri
POR LUIZ GUILHERME PIVA
Tinha bebido, mas foi jogar assim mesmo. Água fria na nuca, cravo na boca, óculos escuros.
Trocou de roupa num canto, escondendo-se. Subiu o barranco devagarzinho, bem depois dos outros. Nem bateu bola.
Ninguém percebeu. Ele próprio achou que já estava são.
Só que bola pra lá, bola pra cá, vira a cabeça, corre, o álcool foi subindo. E bateu justo quando ele recebeu o lançamento sozinho, a bola lá adiante, era correr, dominar e guardar.
No arranco, deu o branco na vista, o suor gelou, a corda nos pés, tropeçou, começou a catar cavaco, com o tronco inclinado pra frente, rodando e abrindo os braços pra se equilibrar, mas só conseguiu, com grande esforço, elevar rapidamente o peito e jogar violentamente a cabeça pra trás – e caiu assim: ajoelhado na meia-lua, o rosto pro céu, os braços abertos.
A bola parando perto da pequena área.
O tropel dos outros se aproximando
Todo mundo em volta.
Ele podia se levantar. Mas se manteve na posição. Pálido, olhos estrelados, gemas pretas, claras vazadas, empapado, gélido.
Sentiu que, se tentasse, cairia. Vomitaria. Desmaiaria.
E tomaria um cacete monumental.
Antes que pensassem muito, gritou:
- Uma visão!
Zunzum, passos pra trás.
De novo, olhos ao alto, com a voz embargada e ainda mais forte:
- Uma visão!
Alguns já se assustavam. Outros desconfiavam. Ele emendou, na mesma posição, em meio às lágrimas:
- Eu vi Nossa Senhora Aparecida e Jesus de Nazaré!
O coro de “o quê?” foi quase uníssono nos da frente, com ecos em ondas nos de trás.
- Um clarão! Deus Nosso Senhor!
Todos começaram a se ajoelhar e olhar para o céu. Faziam o sinal da cruz e o em nome do pai.
Ele sentiu que acertara. Chorava muito, soluçava:
- Perdoai-nos, pecadores, ó Pai!
Muitos já aos prantos.
Viu que já dava. Deixou-se cair pra frente, a cara no barro, os braços abertos.
E ali ficou quase uma hora, até acabar o fogo.
Quando se levantou, todos ainda estavam ali, ajoelhados, olhando-o, fazendo perguntas, descrevendo.
Ele fingiu não saber de nada: “não me lembro”, “não sei”, “cê tá brincando!”, “conversa fiada!”.
Bateu as mãos no uniforme, esfregou o rosto, olhou os demais como um pastor, fez sinal para que se levantassem e conclamou:
- Vamos pro jogo!
E todos o seguiram.
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Luiz Guilherme Piva lançou “Eram todos camisa dez” (Iluminuras)
14/04/2014 11:15:16
A formação de equipes de trabalho


multidisciplinares no futebol
Ciência e Futebol devem caminhar juntos e os dirigentes das equipes devem ter esta consciência; cabe aos profissionais promoverem esta integralização
Marcelo Guimarães Silva*


Nos últimos anos o treinamento para jogadores de futebol de alto nível vem sofrendo modificação substancial em relação ao que era feito algumas décadas atrás.
O número de jogos e de horas dedicadas às sessões de treinamentos aumentou significativamente. Desde então a dinâmica das cargas de treinamento também foi alterada, em decorrência da entrada de novos conceitos para a prática do futebol na atualidade; assim como a entrada de novas áreas de especializações de trabalho voltadas exclusivamente para o esporte.
O futebol moderno exige cada vez mais que as equipes sejam profissionalizadas em todos os setores; principalmente aos que condizem ao trabalho conduzido com os atletas, que “teoricamente” devem ser considerados um dos bens mais valiosos da equipe, mas que infelizmente acabam não na maioria das vezes não sendo.
Atualmente para se alcançar resultados não basta somente ter jogadores de qualidade no elenco, porém é preciso que haja uma estrutura de alto nível, que dê total suporte às necessidades dos atletas (bio-psico-sociais), trabalhando de maneira integrada dentro e fora dos gramados. Não se admite mais trabalhos ou estratégias desenvolvidas de maneira isolada, sem a participação dos profissionais que atuam na equipe, a integralização de setores é uma realidade mais que presente e deve ser constante nas equipes; não pode ser uma prática apenas de “papel”.
Os clubes europeus já observaram esta necessidade e há um bom tempo trabalham de maneira integrada com seus profissionais. Os resultados, podemos perceber na prática, durante os Campeonatos e Torneios em que estas equipes disputam ao longo da temporada. Um dos fatores que certamente levam a este case de sucesso no futebol está na montagem e preparação da estrutura da comissão técnica com todos os setores atuando de maneira integrada.
O que vemos hoje são as grandes equipes do futebol brasileiro (estados do RJ, SP, MG, RS) que contam com uma equipe multidisciplinar, tais como: Médico, Fisioterapeuta, Preparador Físico, Psicólogo, Nutricionista, entre outros; como sendo as áreas com profissionais básicos para todas as equipes, e em alguns clubes encontramos ainda dentistas, biomecânicos, estatísticos, terapeutas, etc. Os outros Estados não foram citados, pois são poucos os clubes que apresentam esta estrutura.
É garantido que equipes que atuam com comissões integradas sempre sejam as vencedoras? Não! Isto não é garantia de 100% de resultados satisfatórios, mas certamente a probabilidade de alcançar o SUCESSO é muito maior, haja vista a prática demonstrada pela performance dos profissionais (atletas). O investimento não é baixo, mas o retorno é confiável. Se compararmos o desempenho de equipes de menor investimento com as de maior, observaremos que não basta apenas o “plantel” de jogadores da equipe, mas a estruturação destas equipes torna-se cada vez mais o diferencial do SUCESSO.
É notório o desenvolvimento de especialistas no futebol, temos profissionais de diferentes áreas que trabalham exclusivamente com o esporte, especificamente o futebol, e podem contribuir para o desenvolvimento profissional das equipes. Se pararmos para analisar, antes da década de 70, nem ouvíamos falar em preparador físico; a psicologia no futebol somente teve sua participação comprovadamente reconhecida na prática a partir de meados dos anos 90, bem como os fisiologistas nos anos 80.
Destacam-se atualmente duas áreas que estão fazendo muita diferença, não apenas no futebol, mas em diversas outras modalidades esportivas; que são a Biomecânica (estudo e análise do movimento e de suas causas) e a Estatística (Sub-área da Matemática que estuda análises e fatores intervenientes de um determinado fenômeno).
Certamente surgirão em pouco tempo novas áreas voltadas a atender da maneira mais precisa seus atletas, proporcionando resultados confiáveis e aplicáveis. Devemos pensar não apenas na performance esportiva, mas no atleta em sua TOTALIDADE. 

É importante lembrar que este trabalho multidisciplinar deve ter início nas categorias de base; mesmo sabendo que possuem menos recursos financeiros que a categoria profissional, devem contar com o mínimo de profissionais integralizados num rumo planejado, numa direção única, desenvolvendo uma parceria produtiva, tanto para as equipes como para seus atletas. As categorias de base são de extrema importância para as equipes e muitas vezes são tratadas com descaso por seus dirigentes e coordenadores, que não investem o suficiente para que estes atletas tenham o mínimo suficiente de estrutura, e torna-se algo contraditório, pois é nesta fase da vida que os atletas necessitam de maior estrutura, e o que vemos na maior parte das equipes não condiz com o IDEAL.

Ciência e Futebol devem caminhar juntos e os dirigentes das equipes devem ter esta consciência, cabe aos profissionais não somente aos da área da saúde, mas supervisores e coordenadores técnicos promoverem esta integralização.
Pesquisas mostram que os investimentos nesta área apresentam retorno e os resultados são positivos, mostrando a evolução permanente das equipes.

*Aluno de Doutorado do curso de Engenharia Mecânica/Biociências da UNESP – Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" – Campus de Guaratinguetá