Escárnio e desmoralização

Teixeira mudou data de pleito para evitar desgaste pós-Copa
Antes de renunciar, ex-presidente alterou estatuto para blindar cúpula de possível fiasco no Mundial
Por SÉRGIO RANGEL
DO RIO
Duas semanas antes de deixar o cargo, em março, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira alterou o estatuto da confederação para que o próximo mandatário da entidade fosse definido antes da realização da Copa de 2014.
Segundo a Folha apurou, a manobra de apressar o pleito foi realizada para evitar que possível derrota da seleção no Mundial ou que problemas de organização do evento atrapalhassem o projeto de poder do atual presidente José Maria Marin.
Antes da alteração, a eleição do próximo mandatário seria a partir de setembro de 2014. O estatuto previa que o processo de escolha fosse organizado a seis meses do fim da gestão. O próximo mandato começa em 2015.
Agora, com a modificação, a eleição poderá ocorrer em abril de 2014, a dois meses da Copa do Mundo.
A mudança no estatuto foi articulada por Teixeira, Marin e Marco Polo del Nero, vice-presidente para o Sudeste. Após fechar com os dirigentes das federações que Marin seria o seu substituto na CBF, Teixeira acertou a antecipação do pleito.
A antecipação, que era mantida em sigilo pela confederação, foi confirmada por presidentes de federações.
Marin e Del Nero foram os principais aliados de Teixeira durante a renúncia.
Apesar de o cartola ter deixado o cargo em meio a denúncias de corrupção no Brasil e no exterior, ainda recebe salário mensal de Marin.
Morando em Miami desde março, Teixeira recebe R$ 120 mil por mês, mais do que quando comandava a confederação. Como presidente, ganhava R$ 98 mil mensais.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
Após negar por três meses que mantinha relação com o seu antecessor, Marin admitiu que pagava salário ao cartola após a Folha revelar o caso em junho último.
Depois da publicação da reportagem, ele disse que,
em março, fechou com Teixeira um contrato “de prestação de serviço, consultoria e captação de patrocínio comprazo indeterminado”.
Marin e Del Nero também respeitaram os contratos assinados pelo antigo mandatário nos meses finais da sua gestão, que durou 23 anos.
No fim de 2011, o então presidente vendeu para a Klefer (do empresário Kleber Leite, seu amigo) os direitos de transmissão das eliminatórias da Copa do Mundo de 2018 e da Copa do Brasil masculina e feminina de 2015.
Ele renovou também o acordo com a árabe ISE (International Sports Events).
A empresa detém os direitos de organização dos amistosos da seleção até 2022. Os árabes pagam pelo cachê da seleção menos que a confederação recebia em 2006 de uma empresa suíça.
Procurada pela Folha, a CBF não comentou a mudança que antecipa o pleito.
Colaborou MARTÍN FERNANDEZ, enviado especial a Nova Jersey
Perguntas do blog: Os grandes clubes brasileiros estão de acordo?
Vão ficar mudos?
Percebem o desrespeito absoluto e o quanto ficam desmoralizados se não reagirem?

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